Já faz 105 dias que os educadores estaduais mineiros estão em greve pelo cumprimento da Lei do Piso. No início, estávamos pedindo para que a lei fosse cumprida. Mas como nada vem de graça para os professores (e acho que para ninguém que pertence ao baixo escalão público), entramos em greve. O pedido, apesar de julgado legal pelo STF nos foi negado. Então passamos a exigir o cumprimento da lei. Ainda assim nossas manifestações eram ignoradas. Com a falsa idéia de que se preocupa com a educação mineira, o governo autorizou que os professores grevistas dos 3º anos do ensino médio fossem substituídos. Autorizou a contratação de 3 mil servidores. Como não consegui alcançar nem 11% dessa meta, houve uma autorização para que qualquer pessoa " qualificada" substituísse os professores. Como assim qualificada? Então o governo se preocupa tanto com os estudantes mineiros que qualquer um que quisesse fazer "um bico" em sala de aula poderia ministrar aulas para estudantes, com a desculpa que os mesmos não poderiam serem prejudicados no Enem? O governo deve ter percebido que não tem professor caindo de árvores, a coisa está tão feia, que poucos se aventuram pelos caminhos árduos da educação. Bom, daí por diante começou a fingir que estava resolvido o problema do Enem (mesmo sabendo que mesmo os "qualificados" eram poucos, poucos são tão tolos para substituir um profissional em greve).
Continuamos na exigência pacífica do cumprimento da lei do piso, mas o governo insistia em mentir, dizer que o piso já é pago, veicular milhares de propagandas na mídia comprada (não se enganem tá? Rede Globo, Band, Veja, dentre outras estão absolutamente no controle do governo. Ali só se vê ou se lê o que o governo quer. Ou alguém já viu veiculando a real proporção de manifestantes em dias de Assembléias pelas ruas de BH? Claro que não. Tratam o movimento que contém milhares de pessoas como um nada, ou no máximo como algo que tem prejudicado o trânsito e irritado motoristas).
Para pressionar, o governo cortou o salário dos grevistas. Isso mesmo! Tirou o direito de alimentação e pagamento de contas de milhares de servidores em greve legítima. Mas ele não contava que isso não nos abalaria. Cada um se virando como pode e tudo seguiu em frente.
No dia em que inaugurou o relógio que marcaria os 1000 dias para a Copa do Mundo (êêê viva o futebol... para a Copa? Tudoooo! E para a educação? Nadaaaa, a Lei de Responsabilidade Fiscal não deixa nada para a educação...) contava-se também 100 dias de greve dos professores.
Muitos professores estiveram na Praça da Liberdade no dia da inauguração para gritar por liberdade, pois para quem não sabe, ou não consegue perceber, estamos vivendo uma ditadura velada, isso mesmo, estamos em plena ditadura em MG, onde a impressa, as leis, o judiciário, andam conforme quer o alto escalão. É tudo combinado. Minas Gerais agora é estado soberano? Não sei, mas estou começando a achar que sim, porque aqui lei federal é cumprida e descumprida ao Deus dará. Enfim, no dia desse protesto, milhares de educadores (e outros segmentos como estudantes da UFMG e Puc, Movimento dos Sem Terra, servidores do Correio que também estão de greve, Operários do Mineirão que também cruzaram os braços (oba!!!) foram agredidos pela polícia militar. Cassetetes, tiros de bala de borracha, gás de pimenta, bomba de efeito moral, tudo isso foi usado para impedir os gritos por justiça e liberdade de profissionais, eu repito PROFISSIONAIS que lutam por seus direitos. Pessoas do bem, pais e mães de família, estudantes, etc, tratados como bandidos, baderneiros e tal. Pois é. Mas nem isso deteve a sede de justiça.
O governo usa então outra estratégia: decreta a greve ilegal (uai, como assim? Quem não cumpre a lei é ele e nossa greve é que é ilegal? Não entendo,não entendo), e decide que vai contratar mais 12 mil professores para substituir os grevistas. kkkkkkkkkkkk.. É para rir? 12 mil professores? Ele não conseguiu nem 400 na primeira tentativa e agora vai arrumar 12 mil. Então tá né? kkkkkk...
Diante de tudo isso (que está muuuuito resumido aqui... e alguém já leu ou viu na TV algo falando, esclarecendo sobre tudo isso? Claro que não e NUNCA verá. Lembra da mídia comprada? Da ditadura velada?) os profissionais seguiram para mais uma Assembléia. A pressão está muuuito forte, mas ninguém desistiu. A greve continua. Mais do que greve, isso é ato histórico, digno de figurar em páginas de livros futuros. A bravura dos educadores mineiros. Os dias em que resolveram dar um basta na indecência que está a educação pública. Exigência de respeito e credibilidade aos professores. Basta de fingir que Minas avança na educação. Só se for avançar para o buraco mais profundo.
A greve continua, é histórica, é legítima, não tem ninguém inventando moda, só queremos o que nos é de direito: o cumprimento de uma LEI FEDERAL para salário digno aos professores. Que modéstia às favas, é a profissão mais linda, digna, importante e respeitada que existe. Menos no Brasil. Afinal, aqui é o país do futebol né? E que venha a Copa de 2014!
Bjs,
Fê