sábado, 4 de agosto de 2012

Velha infância...


                                                    


Era muita farra. Muitas brincadeiras, brigas, brincadeiras... um monte de crianças juntas, sendo feliz como toda criança deve ser. A gente não parava pra nada... era luta até para comer e tomar banho. As brincadeiras eram variadas, de menina e menino. Brincávamos de casinha, de carrinho, de escolinha, de escritório, de bicicleta, de video-game, de esconde-esconde, de tudo o que tínhamos direito. Claro que em meio às brincadeiras haviam brigas, tapas, choros, mas minutos depois a brincadeira recomeçava e esquecíamos as brigas. 
Quantas vezes nossos pais viajavam e a gente dormia um na casa do outro. Uns nas casas dos outros. E juntávamos as camas, dividíamos os cobertores, dávamos trabalho para as babás. Líamos revistas da Turma da Mônica juntos. Comíamos bolos, biscoitos tomávamos Nescau juntos. Enfim, não morávamos na mesma casa, não eramos irmãos, mas fazíamos tudo juntos. Parques, zoológico, clube, praias, era tudo juntos.
E os aniversários. Literalmente era uma festa. Mesmo quando era só um bolinho, tornava-se uma grande festa. E como sempre, muitas brincadeiras, brigas, brincadeiras, presentes, etc. Tudo juntos.
A vida seguia o curso... a gente cresceu... a vida nos separou fisicamente, mas emocionalmente sempre juntos.
A vida deu a cada um suas glórias e dores... e no meio de tantas mudanças, começou um distanciamento. Ainda havia o laço, que era muito forte, afinal, uma infância inteira juntos, marcam nosso caráter, personalidade. O laço não se rompia. Nos víamos raramente, mas o pensamento estava ligado.
E a vida continuou, trouxe alegrias, mas muitas lutas também. Cada um seguiu um rumo, mas estávamos juntos. Ainda éramos "irmãos". Mas as personalidades foram aflorando, cada um com seu tempero forte. Sim, da mesma família, temperamentos parecidos, no nosso caso, forte. E começou a dar choque.
Poxa, logo agora que deveríamos ter maturidade e saber relevar tudo? As brincadeiras continuaram, as brigas também, mas dessa vez, as palavras eram duras. Magoavam. E guarda mágoa de cá, guarda mágoa de lá, parecíamos estranhos. Não havia mais o laço. Não éramos mais "irmãos". Estava cada um se defendendo como podia. Estava rompida a alegria. As crianças "morreram", deixamos os adultos tomarem conta de nós, e eles acabaram com a festa.
Hoje, que a distância física já não é o problema, há a distância emocional. Há mágoas, há tristezas. 
Vamos dar tempo ao tempo. Afinal, dizem que ele é remédio para curar a dor da alma, do coração.
Penso que vai passar, vai sarar, afinal, irmãos, não podem viver longe, brigados. Irmãos é sangue, é amor para a vida toda. Vamos ver onde vai dar. Me arrependo de muitas coisas que fiz, falei, aprontei. Mas também fui vítima de muitas coisas que me machucam ainda. Ninguém está certo ou errado. Não há o "bem" e o "mal". Não mocinhos e bandidos. Há pessoas, que não estão sabendo lhe dar com sentimentos, temperamentos, emoções. Cada um, à sua maneira, está certo e errado ao mesmo tempo.
Vamos esperar, eu nunca fiquei mal com irmão tanto tempo. Está durando bastante, ainda dói muito.
Enquanto isso esse coração aqui vai levando essa dor, chorando, mas ele sabe perdoar. Não posso falar pelos outros. Mas esse coração precisa aprender a esquecer. Isso ainda não aprendeu. E tudo pode voltar como era na época mais doce da vida.

Bjs,


                                                  
                                                     

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