domingo, 4 de dezembro de 2011

Welcome to reality...

                                                     
 "Se você conseguir ser perfeito, despeça-se do mundo, aqui não é o seu lugar. Se não conseguir, seja bem vindo a raça humana."
Muitas vezes eu disse para mim mesma e para aqueles que vivem muito próximos a mim, que eu não era desse mundo, ou melhor, que esse mundo não era para mim. Que eu não entendia tanta injustiça, tanta maldade, que eu não conseguia me defender desse mundo cão, eu não nasci para ser selvagem. Questionava a Deus o por quê viver em um mundo em que, na maior parte do tempo, me trazia contrariedade, decepções, raiva, medo. Tanta coisa não fazia sentido para mim. Não fazia? Tanta coisa continua sem sentido para mim.
Às vezes parecia que vivia em um outro planeta, acreditava no que as pessoas falavam, acreditava no que elas demonstravam ser. Acreditava que haveria justiça, acreditava que havia amor ao próximo. E quantas vezes já escutei: "E em coelhinho da páscoa, você acredita?"... Nossa, era como um soco no estômago, eu não podia aceitar que minhas convicções estavam erradas, que as pessoas podiam ser tão más... que amigos se perdiam por dinheiro, que em alguns lares, ao invés de aconchego, se vivia aflições... E a cada soco no estômago eu realmente acreditava que estava no lugar errado. Ou eu não era desce mundo ou o mundo dos outros não era o meu.
                                                              
A vida foi mostrando que se não brigasse, se não desce o grito, eu perderia algo que me era de direito. Que se eu não falasse o que pensava, outros falariam por mim e não falariam o que eu queria dizer. Que se não crescesse emocionalmente, eu não iria dar conta. 
Foi duro. Foi difícil, mas tive que aprender a lhe dar com tudo isso. A entender que nada era perfeito e que na verdade as pessoas não eram felizes. Deus contemplou os meus anseios, tudo o que meu coração sonhou Ele me deu (e continua me abençoando dessa forma incondicional, mesmo sem o menor merecimento), e a cada desejo realizado eu percebia que não era nada daquilo, que não minha alegria não estava ali. Verdadeiras lições.
Demorou, mas também entendi que nem todos são meus amigos, que nem todos os que riem para mim querem o meu bem. Demorou para eu aceitar que quando eu me aproximava de alguém e essa pessoa demonstrava nitidamente que não estava interessada na minha amizade, que a errada era eu, pois ninguém tinha que gostar de mim não. Eu não entendia isso. E já chorei demais por essas coisas.
Foi difícil aceitar que, para eu conquistar meu lugar, de repente alguém teria que perder o seu. Uma lei bruta. Eu não entendia...
Um dia alguém me comparou à uma taça de cristal: falou que eu era "bonita, frágil, e que precisava de toda proteção". Isso me assustou. Como assim? "Sim, proteção, porque você não sabe viver e nem lhe dar com esse mundo." Mas e então? O que eu faço? "Seja um ser humano, encare a vida sem medo, erre, magoe, responda, grite, sorria, chore, pule, revolte-se..." É. Ela tinha razão. Eu não podia viver para sempre no país das maravilhas, no meu mundinho cor de rosa. Sem noção. Eu não terei pessoas o tempo todo, a vida inteira para me defender, para me proteger. Em algum dia, em algum momento, será eu, cara a cara com a situação, e a decisão terá que ser minha. E de forma racional, adulta, no mundo selvagem.
Estou mudando a postura. Estou me esforçando ao máximo para enxergar o ser humano, com todas as suas mazelas. Estou saindo do meu mundo quase infantil (mas que era infinitamente melhor) e a janela da vida está aqui, na minha frente.
Eu continuo não conformando, buscando o fim da injustiça, tentando convencer a todos que o mundo não pode ser tão mau. Mas ao mesmo tempo agora eu respondo à altura, eu falo o que realmente penso sem me importar com o outro lado, e não estou nem aí para o que pensam de mim. Estou fazendo o que gosto, do jeito que quero, e quem se incomodar que não fique perto. Luto pelos meus direitos sem dó, mato um leão por hora, corro atrás dos meus objetivos e estou tirando tudo o que não quero do meu caminho. E isso tem causado estranheza, admiração, indagações, surpresas. As pessoas não se acostumam e nem se conformam com esse novo "EU". Tudo bem gente, eu também não queria que fosse assim, mas a vida me obriga. Eu não quero magoar  ninguém, mas o que tiver de ser dito será, o que tiver de fazer, farei. Sem medo, porém com senso. Calma... Eu só caí na real e virei ser humano. Caso contrário, eu teria que sumir desse mundo. 
              
Bjs,

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